A FÉ TRADUZ-SE POR ACTOS REALIZADOS COM O AMOR DO SENHOR EM NÓS
A evidência da Fé está certamente manifestada na caridade (boas obras) (Gálatas 5: 6).
Muito se fala da caridade (ou falta dela), mas ignora-se que a verdadeira caridade, ou amor, só é genuína quando parte da Fé.
Se não houver fé na nossa vida, como esperar encontrar caridade nas nossas acções?
Porque a caridade não é filantropia, retórica ou simples voluntariado a favor do próximo.
Ao falarmos em testemunho do Evangelho para com os outros, tal só fará sentido se for o testemunho da Fé de Jesus em nós, ou seja, de despojamento absoluto do ego para que outros homens e mulheres vejam em nós a dedicação que conforta, anima e responde às suas necessecidades.
E, destas, a necessidade maior é a da alma carente de salvação.
O homem natural pode manifestar ternura, carinho, afeição, compreensão, até mesmo um certo nível de amor (filial, paternal, fraternal, etc.).
Mas o Amor que opera a partir da Fé é tudo aquilo, sim, mas muito mais.
Fala-nos de abdicação, de renúncia, de abnegação (a negação de nós mesmos).
Enquanto tal não se verificar nas nossas vidas, devemos questionar a intensidade da nossa fé no Senhor, buscando-O em oração tal como os apóstolos em Lucas 17: 5: "Precisamos de ter mais fé; ensina-nos a alcançá-la"; ou como aquele pai do menino lunático em Marcos 9: 24: "Fé tenho eu, ajuda-me a ter mais!".
Quer os apóstolos quer o citado homem criam, mas perceberam a falta em si mesmos da
"fé que se traduz por actos realizados com o Amor do Senhor em nós", Gálatas 5: 6.
Outros chamar-lhe-ão a "fé vitoriosa", aquela mesma que Jesus falou no episódio citado em Marcos 9, no versículo 23:
"tudo é possível quando se tem fé".
A obediência evidencia também a Fé.
Citando Isaías, Paulo escreveu aos Romanos (10: 16): "Senhor, quem acreditou quando lhes falei?". E explicou, pelo Espírito Santo, "Mas nem todos responderam (obedeceram) a essa voz das Boas Novas".
Não apenas a obediência da conversão dos pecados a Deus, mas aquela de quem se esforça para fazer tudo conforme a Sua santa vontade.
"Todo aquele cujo pai é Deus escuta com alegria (para obedecer) as palavras que vêm de Deus", disse Jesus em João 8: 47 e, antes, já declarara aos "muitos dos dirigentes judaicos... que começaram a acreditar que Ele era o Messias, o Enviado de Deus":
"Serão verdadeiramente meus discípulos se viverem como vos mando", João 8: 30-32.
As citações bíblicas correspondentes à obediência como definição da Fé são inúmeras.
Noé, por exemplo, não foi apenas um "pregoeiro da justiça", mas um praticante real da mesma, o que nos leva a perceber que não há lugar na Igreja de Jesus Cristo para "cristãos não-praticantes", como em certos estudos estatísticos por vezes se lê...
Que o Senhor nos conceda a Fé tornada notória também pela obediência, sem a qual não temos condições para O servir. "Agora obedeceram de todo o vosso coração ao ensinamento que Deus vos entregou, e encontram-se livres do vosso antigo senhor, o pecado, mas sujeitos a um novo domínio, o da justiça", Romanos 6: 17-18.
É o que o Evangelho "é anunciado por toda a parte, para que toda a gente tenha acesso à fé em Cristo e lhE obedeça", Romanos 16: 26.
A Fé é também evidência quando os que a têm são pessoas tranquilas e esclarecidas, de mentes iluminadas não por qualquer "visão" ou "luz" de origem apócrifa, mas porque crêem n'Aquele que é a "Pedra de Tropeço" e a "Rocha de Escândalo", Jesus Cristo.
"Pus uma rocha no caminho dos judeus, e muitos tropeçarão nela (isto é: em Jesus). Mas todos os que crerem nela não serão iludidos", Romanos 9: 30-33, (citando Isaías 28: 16 onde a tradução de Almeida usa a expressão "quem crê não se apresse") o que nos dá a perfeita nocão do crente tranquilo e esclarecido, porque não está iludido... Num mundo pós-moderno, como alguns designam a sociedade moderna, que adoptou para si mesmo a dúvida sistemática, em verdadeira confusão, a evidência da Fé parece obsoleta.
Porém, o contraste entre o que a possui e o que não a tem é notório. "Os que confiam no Senhor serão como o Monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre." Salmos 125: 1
Isaías torna inequívoca, pelo contrário, a situação dos que permanecem incrédulos: "Mas os ímpios são como o mar bravo, que não se pode aquietar, e cujas águas lançam de si lama e lodo. Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz", Isaías 57: 20-21.
A razão de ser do que acima fica dito está no facto de, na Fé, haver a paz que resulta da obra de Cristo no Calvário, reconciliando, pelo Seu sangue, o homem com Deus. Ora esta paz só pode reforçar, escorar, uma Fé que se afirma na "esperança da justiça" esperada, Gálatas 5: 5, na "coroa de justiça" que temos guardada porque mostramos que somos "estimulados pela esperaça da segunda vinda de Cristo", 2 Timóteo 4: 8.
Quem tem uma Fé assim, embora num mundo de sofrimento e de angustiantes vivências de milhões de seres humanos, não pode deixar de ser um crente lúcido e esperançoso.
Não aguardando respostas da sociedade dos homens, antes propondo a essa sociedade a solução perfeita para todas as dores e para a dúvida existencial:
"Conhecerão a verdade, e a verdade vos tornará livres", João 8: 32, disse Jesus "Se viverem como eu vos mando", é a premissa do crente que exterioriza a sua fé na vida que vive.
Quando se "anda em Espírito" não é possível deixar de evidenciar-se a Fé pelo "fruto do Espírito": "caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança" são facetas várias de um mesmo fruto, as quais é impossível que se ocultem.
A Fé vê-se, não se diz apenas que se tem. Hoje, as pessoas preferem dizer-se "racionais" a admitirem ter fé. É isso que o mundo lhes pede a cada momento.
A tragédia de certa religiosidade invasora de muitas igrejas está aí _ São depositárias de um tesouro guardado a sete chaves, mas inútil!
Por essa razão muitos permanecem sem ver a luz do Evangelho pela vida dos membros dessas igrejas, com consequências fatais para a eternidade.
Definitivamente a Fé desqualifica a justiça do homem, a falsa religião, para salientar como insubstituível a justiça de Deus em cada pecador convertido a Ele, Filipenses 3: 9.
Também põe em destaque a pessoa de Jesus, o Justo, sendo Ele o único justificador do que n'Ele confia de todo o coração.
Sendo que a Fé na vida de cada um está sendo posta à prova a cada momento, por lutas e adversidades de vária ordem, ela produz um conjunto de qualidades essenciais para a sua manutenção _ "a tribulação que produz a paciência, esta a experiência, que por sua vez gera a esperança que não traz confusão", Romanos 5: 3-5; Tiago 1: 3. "Sendo assim esforcem-se por acrescentar à vossa fé o poder duma vida virtuosa. E além disso ainda, aumentar o vosso conhecimento das coisas espirituais. Depois ainda aprendam o que é o domínio dos vossos desejos naturais, o que vos fará perseverantes, e ainda espiritualmente dignos. E isso tornará então possível a afeição fraterna, vindo ainda a aumentar até os nossos profundos sentimentos para com as pessoas, e mostrar-lhes o amor de Deus", 2 Pedro 1: 5.
Desse conjunto vasto de efeitos da Fé há alguns que se revelam de aplicação ainda mais prática, dos quais passo a enumerar:
1. a compreensão de qual a vontade de Deus para as nossas vidas, 1 João 5: 14-15 _ essencial contra os enganos dos nossos próprios pensamentos e lógicas de procedimento esteriotipadas;
2: as orações a Deus-Pai, e apenas a Ele, só fazem sentido com Fé, mas esta não é sem o acerto dos padrões bíblicos relacionais.
As respostas às orações a um Deus de perdão só as recebemos conforme Marcos 11: 22-26 e na confiança descrita em Hebreus 4: 16 e 0: 19-23;
3. a Fé concede capacidade para vencer o mundo, isto é, reagir determinadamente contra a impiedade crescente à medida que os últimos tempos se completam.
Todo o universo de práticas hostis à santidade de Deus, que impede o homem de ter comunhão com Ele, de a Ele aceder por muitas orações que faça, é claramente o mundo de que nos temos que guardar, 1 João 5: 4-5.
Pela Fé, nada do que o Senhor considera essencial para a nossa vida nos faltará ("O Senhor é o meu Pastor", Salmo 23).
Nem que seja apenas a graça ("a minha graça te basta", ouviu Paulo), Mateus 17: 20
Os montes serão afastados da nossa vida pela Fé, se Ele entender que nos são prejudiciais.
Afinal, "a obra da Fé" será cumprida em nós pelo próprio Senhor, se a tanto estivermos determinados com humildade e perseverança, 2 Tessalonicenses 1: 11-12.
E isso é o "segredo" de uma Igreja contra a qual "as portas do inferno não prevalecerão".
Sem Fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11: 6), é impossível viver em santificação, adorar, louvar, glorificar e servir ao Senhor (por esta ordem), propósito essencial da Sua Igreja, a que Jesus "ganhou para Si" com o Seu sangue, "preço de redenção".