Gnosticismo = espiritismo?
Quando lia algumas obras espíritas ou simplesmente conversava com algum, ficava sempre com a certeza de que eles se sentem presos a suposições e que não têm qualquer fundamento para aceitar a reencarnação, que na realidade não passa de um punição sem fim...
Daí que Kardec tenha tentado usar a Bíblia a fim de dar uma certa credibilidade ao fenómeno. O problema é que sendo a Bíblia a Palavra de Deus divinamente revelada àqueles que O buscam, a teia de ideias e mentiras do espiritismo seria posta a descoberto. Deus Criador, capacitou o ser humano com a capacidade de PENSAR!
Gostaria de tecer algumas considerações e deixar algumas questões...
Se a alma humana reencarna para pagar os pecados cometidos numa vida anterior, deve considerar-se a vida como uma punição, e não como um bem em si. Se a vida fosse um castigo, desejaríamos que terminasse rápido, visto que todo homem quer que seu castigo acabe o mais depressa possível. Ninguém quer ficar de castigo eternamente. Entretanto, ninguém deseja, em sã consciência, deixar de viver. Logo, a vida não é um castigo. Pelo contrário, a vida humana é o maior bem natural que possuímos.
Se TODA a alma reencarna para pagar os pecados de uma vida anterior, dever-se-ia perguntar quando se iniciou esta série de reencarnações.
_ Onde estava o homem quando pecou pela primeira vez?
_ Tinha ele então corpo? Ou era puro espírito?
_ Se tinha corpo, então já estava sendo castigado.
_ Onde pecara antes? Só poderia ter pecado quando ainda era puro espírito.
_ Como foi esse pecado?
_ Era então o homem parte da divindade?
_ Como poderia ter havido pecado em Deus?
_ Se não era parte da divindade, o que era então o homem antes de ter corpo? Era anjo? Uma pedra? Um macaco?
Mas um anjo não é uma alma humana sem corpo.
O anjo é um ser de natureza diferente da humana. Uma pedra não sente nem tem espírito e um macaco é um animal Irracional...
_ O que era o espírito humano quando pecou pela primeira vez?
Se a reencarnação fosse verdadeira, com o passar dos séculos haveria necessáriamente uma diminuição dos seres humanos, pois, à medida que se aperfeiçoassem, deixariam de reencarnar.
No limite, a humanidade estaria caminhando para a extinção. Ora, tal não acontece.
Pelo contrário, a humanidade cresce a cada dia.
Logo, não existe a reencarnação.
Respondem os espíritas que Deus estaria criando continuamente novos espíritos.
_ Mas então, o Deus dos espíritas criaria sempre novos espíritos em pecado, que precisariam sempre se reencarnar?
O Deus dos espíritas não sabe criar espíritos perfeitos?
Se a reencarnação dos espíritos é um castigo para eles, o ter corpo seria um mal para o espírito humano.
Ora, ter corpo é necessário para o homem, cuja alma só pode conhecer através do uso dos sentidos.
Haveria então uma contradição na natureza humana, o que é um absurdo, porque Deus tudo fez com bondade e ordem.
Se a reencarnação fosse verdadeira, nascer seria um mal, pois significaria cair num estado de punição, por isso, todo o nascimento deveria causar tristeza.
Morrer, pelo contrário, significaria libertação, e deveria causar-nos alegria. Ora, o nascimento de uma criança é causa de alegria, enquanto a morte nos causa tristeza. Logo, a reencarnação não é verdadeira.
Caso a reencarnação fosse uma realidade, as pessoas nasceriam de um determinado casal somente em função dos seus pecados numa vida anterior.
Tivessem sido outros os seus pecados, outros teriam sido os seus pais. Portanto, a relação de um filho com os seus pais seria apenas uma casualidade, e não teria importância de maior.
No fundo, os filhos nada teriam a ver com seus pais, não vos parece absurdo?
A reencarnação destrói a verdadeira caridade.
Se uma pessoa nasce em certa situação de necessidade, doente, ou em situação social inferior ou nociva -- como escrava, por exemplo, ou pária – nada deveria ser feito para ajudá-la, porque prestar-lhe qualquer auxílio seria burlar a justiça divina que, segundo o espiritismo, determinou que ela nascesse em tal situação como justo castigo dos pecados cometidos numa vida anterior.
É por isso que na Índia, país em que se crê normalmente na reencarnação, praticamente ninguém se preocupa em auxiliar os infelizes párias.
A reencarnação destrói a caridade. Portanto, é falsa.
A reencarnação causa uma tendência à imoralidade e nunca um incentivo à virtude.
Com efeito, se sabemos que temos só uma vida e que, ao fim dela, seremos julgados por Deus, procuramos mudar nosso comportamento e converter-nos antes da morte. Pelo contrário, se imaginamos que teremos milhares de vidas e reencarnações, então não nos veríamos impelidos à conversão imediata.
É como um aluno que tivesse a possibilidade de fazer milhares de provas de recuperação, para passar de ano, pouco se importaria em perder uma prova - pois poderia facilmente recuperar essa perda em provas futuras - assim também, havendo milhares de reencarnações, o homem seria levado a desleixar seu aprimoramento moral, porque confiaria em recuperar-se no futuro.
Diria alguém: "Esta vida atual, quero aproveitá-la gozando à vontade. Em outra encarnação, recuperar-me-ei" .
Portanto, a reencarnação impele mais à imoralidade do que à virtude. Por que esforçar-se, combatendo vícios e defeitos, se a recuperação é praticamente fatal, ao final de um processo de reencarnações infindas? Se assim fosse, ninguém seria condenado a um inferno eterno, porque todos se salvariam ao cabo de um número infindável de reencarnações. Não haveria inferno. Se isso fosse assim, como se explicaria que Cristo Nosso Senhor afirmou que, no juízo final, Ele dirá aos maus: "Ide malditos para o fogo eterno"? (Mateus )
Se a reencarnação fosse verdadeira, o homem seria salvador de si mesmo, porque ele mesmo pagaria o suficientemente suas faltas por meio de reencarnações sucessivas. Se fosse assim, Cristo não seria o Redentor do homem. O sacrifício do Calvário seria nulo e sem sentido. Cada um salvar-se-ia por si mesmo. O homem seria o redentor de si mesmo. Essa é uma tese fundamental da Gnose.
A doutrina da reencarnação conduz necessáriamente à ideia gnóstica de que o homem é o redentor de si mesmo. Nega clara e inequívocamente a obra Redentora de Jesus no Calvário!
Mas, se assim fosse, cairíamos num dilema:
Ou as ofensas feitas a Deus pelo homem não teriam gravidade infinita; Ou o mérito do homem seria de si, infinito. Que a ofensa do homem a Deus tenha gravidade infinita decorre da própria infinitude de Deus.
Logo, dever-se-ia concluir que, se o homem é redentor de si mesmo, pagando com seus próprios méritos as ofensas feitas por ele a Deus infinito, é porque seus méritos pessoais são infinitos. Ora, só Deus pode ter méritos infinitos. Logo, o homem seria divino. O que é uma conclusão gnóstica ou panteísta. Absurda.
Logo, a reencarnação é uma mentira.
Se o homem fosse divino por natureza, como se explicaria ser ele capaz de pecar?
A doutrina da reencarnação leva, à conclusão de que o mal moral provém da própria natureza divina. O que significa a aceitação do dualismo maniqueu e gnóstico.
A reencarnação leva necessáriamente à aceitação do dualismo metafísico, que é tese gnóstica que repugna à razão e é contra a Fé.
É essa tendência dualista e gnóstica que leva os espíritas, defensores da reencarnação, a considerarem que o mal é algo substancial e metafísico, e não apenas moral.
O que, de novo, é tese da Gnose.
Se, reencarnando-se infinitamente, o homem tende à perfeição, não se compreende como, no final desse processo, ele não se torne perfeito de modo absoluto, isto é, ele se torne Deus, já que ele tem em sua própria natureza essa capacidade de aperfeiçoamento infinito.
A doutrina da reencarnação, admitindo várias mortes sucessivas para o homem, contraria directamente o que Deus ensinou nas Sagradas Escrituras. Por exemplo, São Paulo escreveu:
"O homem só morre uma vez" ( Heb. 9, 27). Também no Livro de Jó está escrito: "Assim o homem, quando dormir, não ressuscitará, até que o céu seja consumido, não despertará, nem se levantará de seu sono" (Jó, 14,12).
Finalmente, a doutrina da reencarnação vai frontalmente contra os ensinamentos de Jesus Cristo no Evangelho.
Com efeito, ao ensinar a parábola do rico e do pobre Lázaro, Cristo Nosso Senhor disse que, quando ambos morreram, foram imediatamente julgados por Deus, sendo o mau rico mandado para o castigo eterno, e Lázaro mandado para o seio de Abraão, isto é, para o céu. ( Lucas 16, 19-31) E, nessa mesma parábola Cristo nega que possa alguma alma voltar para ensinar algo aos vivos.