Estimados amigos e visitantes deste blog:
Recebi um mail de um espírita que me questionava acerca destas duas passagens bíblicas Êxodo 20: 4 e 25: 18.
Como não sou o Google e não sei tudo, sempre que preciso de ajuda recorro ao Dr. Agostinho Soares dos Santos, licenciado pela Universidade do Porto.
Para além de Jornalista, Conferencista e Professor é Presbítero na igreja Assembleia de Deus no Porto.
PERGUNTA
Deus proíbe que seja feita a escultura de qualquer ser (Êxodo 20:4). Logo mais, ordenou a fabricação de estátuas de ouro (Êxodo 25:18). Como se explica esta situação? Estará aqui alguma contradição?
RESPOSTA
Nós, seres humanos, temos as nossas peças, as nossas coisas, utilizamo-las em casa, mas impomos algumas regras para que ninguém as estrague.
Às vezes, temos dificuldade em permitir que os outros as utilizem ou até lhes mexam. Se acontece assim connosco, temos de compreender que Deus é o Proprietário de tudo e impõe as Suas regras para que não haja uma má utilização do que Lhe pertence!
Aceitamos com facilidade o senhorio dos proprietários terrenos e temos dificuldade em aceitar o Senhorio do Omnipotente.
Porém, há coisas na casa do Senhor que não são permitidas cá fora. E agora?! Não vamos aceitar isso?
O tabernáculo significava a casa de Deus na Terra. Era um lugar para o Senhor habitar e isso verificou-se logo no final da construção do mesmo, quando a Sua presença encheu aquele espaço, inclusivamente de uma forma visível (Ex 40:34-35).
Há coisas que são mesmo só para Deus e utilizadas apenas na Sua casa.
Por exemplo, o azeite da santa unção e o incenso santo.
Deus mencionou as proporções das substâncias utilizadas e proibiu de se fazer obra igual para os humanos. A respeito do azeite, diz o Senhor: “Não se ungirá com ele carne de homem, nem fareis outro semelhante conforme a sua composição; santo é e será santo para vós. O homem que compuser tal perfume como este, ou que dele puser sobre um estranho, será extirpado dos seus povos” (Ex 30:32-33).
E em relação ao incenso, diz o seguinte: “Porém, o incenso que farás conforme a composição deste, não o fareis para vós mesmos; santo será para o SENHOR. O homem que fizer tal como este para cheirar será extirpado do seu povo” (Ex 30:37-38).
No caso do azeite e do incenso, Deus disse, naquela mesma ocasião, para não se fazer outro igual, a fim de se utilizar fora do tabernáculo ou com outro fim.
Quanto aos querubins de ouro (Ex 25:18-20), não era necessário dizer para não se fazer igual, cá fora, porque isso já havia sido dito em Êxodo 20:4, da seguinte maneira: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”.
O problema era: “Não farás para ti…”
Portanto, isto salvaguarda a ordem divina. Se for para Deus e Ele ordenar… então, poder-se-á fazer!
Para nós, seres humanos, não se podia fazer nada disso. Não se podia fazer nenhuma semelhança do que há em cima nos céus, mas, para a casa do Omnipotente Senhor, poderia ser feito, se Ele assim ordenasse!
Convém, de facto, acrescentar “se for para Deus e Ele ordenar”, porque, muitas vezes, as pessoas dizem que é para Deus e fazem os maiores disparates. Com a justificação de que é para oferecer ao Senhor fazem-se ídolos e cometem-se as maiores barbaridades!
Acredito que, em cima, nos céus, haveria os arquétipos das peças, que foram feitas cá em baixo, na terra.
No caso dos seres celestiais, seriam mesmo querubins a sério, a adorar o Senhor e não imagens dos mesmos.
Se era a casa de Deus na terra, aceito que algumas coisas poderiam ser iguais às que existiam no Céu.
Aliás, além de explicar, Deus deverá ter mostrado tudo a Moisés, como se depreende na leitura de Êxodo 25:40.
Não se pode confundir estas situações com a idolatria, nem pensar que na casa de Deus pode-se fazer todas as coisas. A conclusão a tirar é que se pode fazer tudo o que Deus ordenar.
Poderá alguém, agora, perguntar:
E se aqueles querubins de ouro passassem a ser adorados como ídolos?
Resposta: Certamente que Deus os mandaria destruir, como fez à serpente de metal!
É verdade que foi o Criador que mandou Moisés fazer a serpente ardente e colocá-la numa haste, para que todos os que olhassem para ela ficassem curados das mordeduras das serpentes verdadeiras (Números 21:8).
Porém, mais tarde, os filhos de Israel começaram a queimar-lhe incenso e a chamar-lhe Neustan. Ezequias, dirigido por Deus, fê-la em pedaços (II Reis 18:4).
Havia ordens específicas para a construção do tabernáculo. Teria de ser feito tudo ao pormenor.
Ali não entrava a imaginação dos construtores. As medidas eram rigorosas; aliás, era tudo muito rigoroso. Não só as medidas da construção como o serviço a executar.
O exemplo disso é que os filhos de Aarão, Nadab e Abiú, tomaram fogo estranho nos seus incensários e morreram ali perante o Senhor!
O serviço para Deus deverá ser feito com responsabilidade.
Não facilitar nem, sequer, descontrair excessivamente. A proibição de fazer imagens continuava válida. Ninguém se lembrasse de fazer um ou dois querubins e colocá-los cá fora para outros efeitos. O facto de haver querubins na casa de Deus, não significa que se possa fazer de igual maneira!
As coisas que Deus destina a Si mesmo, não poderão ser usadas pelos humanos!
Deus proibiu as imagens de escultura e fundição, aliás, todos os tipos de idolatria.
No tabernáculo e, mais tarde, no templo de Salomão, as coisas eram diferentes, pois representavam a casa de Deus e foram feitas como Ele determinou!
Não há aqui nenhuma contradição nestas duas passagens apresentadas.
Contradição seria se num texto Deus ordenasse “não farás para ti” e, mais adiante, dissesse “farás para ti”. Ora, isso não acontece.
Há coisas que são unicamente para o Omnipotente Senhor, Criador dos Céus e da Terra.
O louvor, a adoração, a honra e a glória pertencem a Deus.
E a verdade é que Ele merece tudo, não só pelo que é, mas também pelo que fez e faz.
Ao enviar o Seu Filho para nos resgatar da condenação eterna, Deus demonstrou um amor excepcional pelos miseráveis pecadores, que somos todos nós. Possamos nós aceitar a soberania divina em todos os aspectos.
Mais: possamos aceitar o Salvador Jesus que Deus enviou!