A Palavra de Deus é sagrada. É de Deus!
Intocável, inalterável e para sempre. A Palavra de Deus escrita constitui a Sagrada Escritura, a Bíblia.
O primeiro desafio à nossa fé, é acreditar que a Palavra é de Deus e não dos homens. Se a Palavra é de Deus, não é da autoria dos homens, mas inspirada por Deus. Se a autoria fosse dos homens, a palavra estaría destituída de poder, e a Palavra está cheia de poder. "Por isso nós também, sem cessar, damos graças a Deus, porquanto vós, havendo recebido a palavra de Deus que de nós ouvistes, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo ela é na verdade) como palavra de Deus, a qual também opera em vós que credes.
1 Tessalonicenses 2:13".
Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.
O segundo desafio à nossa fé, é acreditar que a Palavra, por ser de Deus, tem um poder intrínseco e exclusivo da própria Palavra, como se a Palavra contivesse uma semente especial pronta a germinar, por acção do Espírito Santo, no coração dos homens.
A Palavra não é um efeito da vontade de comunicar, sendo a causa, a ideia que lhe está na origem ou subjacente, mas é por si própria. Na Palavra está o poder do próprio Deus.
Quando Deus nos deu a Sua Palavra, deu-se na Sua Palavra. Razão pela qual ela é sagrada, inalterável e para sempre. "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.
Hebreus 4:12".
Como tal, a Palavra não tem que ser, nem pode ser, actualizada ou ajustada. Isso não faz qualquer sentido.
O seu significado está para além do tempo. Cada século ou cada milénio não precisa de uma Bíblia nova. Somos nós que precisamos nos actualizar, e tornarmo-nos novos e não a Palavra.
Não somos maiores que os antigos. A "evolução" não é cronológica é para o centro do círculo de Deus. Querermos uma Palavra "actualizada" é orgulho da nossa "evolução".
A actualização, o ajustamento da Palavra é o mistério da Revelação e obra do Espírito Santo em cada um de nós, e este avivamento, a partir do fundo do nosso ser, não tem tempo nem moda, é de ontem, de hoje e de amanhã.
Para Deus não existe o nosso tempo e todos os homens são iguais, não existem primeiras e segundas séries na criação. O desafio é o mesmo para todos, e nós temos a sorte, isto é, a graça, de poder conhecer a Sua Vontade através da Sua Palavra.
Somos (consideramo-nos) já muito civilizados e evoluídos para aceitar a literalidade da Palavra, sob o pretexto ou justificação de que era adaptada a outros tempos, a outros contextos sócio-culturais, como se se supusesse para uma Ecritura Sagrada a mesma necessidade de actualizações de que uma enciclopédia carece.
A certa altura estaríamos mesmo a fazer novas e sucessivas edições revistas e corrigidas, como se faz com os livros... É este sacrilégio em que se cai, ao pretender-se, sempre que não convém, torcer ou adulterar o que está escrito... Prefere-se a liberalidade à literalidade.
Quanto mais assim o entendermos, mais longe estamos do seu real sentido.
Temos que nos despir dessa sobranceira falsa inteligência, desse excelente e seguro ego, para recomeçar a penetrar no que sempre esteve vedado aos "sábios". Temos que esvaziar o nosso "cálice" para que ele possa ser cheio.
Temos que usar de grande precaução para com os falsos mestres, para com os filósofos do cristianismo, porque corremos o risco de nos afastarmos e nos perdermos em arquitecturas antropomórficas e humanísticas. "Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio coração? Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal. O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor. Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra? Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo." Jeremias 23:26-30
Voltemos incessantemente à única e genuína fonte, a Palavra, para de facto aprendermos em primeira e exclusiva mão a Vontade de Deus para a vida de cada um de nós.
A descristianização é exactamente o resultado paradoxal da tentativa de "aproximar" a Palavra das "necessidades" dos tempos modernos. É ao tentar aproximar que se afasta, porque se vai perdendo o conteúdo duro da mensagem, o seu centro, que não é humano mas de Deus.
Esta humanização desvirtua completamente a Palavra. "como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo engano dos homens perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade." 2 Pedro 3:16-18
A solução, se não queremos ser mais deus que Deus, se não queremos substituir-nos a Ele, se não queremos inventar uma nova Boa Nova, é recentrarmo-nos na Palavra original. Deus zela pela Sua Palavra.
Mateus 15: 3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
6 E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.
7Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:
8 Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
9 Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.