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Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai. (João 10:17-18)
Por que Jesus diz isso? Por que ele enfatiza sua voluntariedade em morrer? Porque se isso não fosse verdade — se sua morte fosse forçada a ele, se não fosse livre, se seu coração não estivesse de fato nisso — então uma grande interrogação seria colocada sobre seu amor por nós.
A profundidade de seu amor está em sua liberdade. Se ele não morreu por nós voluntariamente — se ele não escolheu o sofrimento e o abraçou — então quão grande é seu amor realmente? Então ele enfatiza isso. Ele deixa explícito. Isso vem de mim, não das circunstâncias, não de pressão, mas do que eu realmente anseio fazer.
Jesus está enfatizando para nós que seu amor por nós é gratuito. Ele parece ouvir alguma calúnia inimiga dizendo: “Jesus não ama a você de verdade. Ele é um mercenário. Ele entrou nessa por outra razão que não amor. Ele está sob algum tipo de obrigação ou compulsão externa. Ele não quer realmente morrer por você. Ele apenas de alguma maneira acabou entrando nessa tarefa e tem de se submeter às forças que o controlam.” Jesus parece ouvir ou antecipar algo assim. E ele responde: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la.” Ele está pressionando nesse ponto para ver se creremos em seu protesto de amor, ou se creremos no oposto — que seu coração não está realmente nisso.
Qualquer um que faz uma afirmação como essa está mentalmente perturbado, mentindo, ou é Deus. Eu tenho autoridade de dentro da morte, como um homem morto, de tomar minha vida de volta quanto eu quiser. Agora qual é o ponto aqui? Bem, o que é mais difícil? Controlar o momento de sua morte, ou dar a si mesmo vida novamente quando já morto? O que é mais difícil? Dizer “eu entrego minha vida por minha própria iniciativa,” ou dizer “eu tomarei minha vida de volta depois que estiver morto”?
A resposta é óbvia. E esse é o ponto. Se Jesus podia tomar — e tomou — sua vida de volta da morte, então ele de fato estava livre. Se ele controlou o momento em que saiu da sepultura, ele certamente controlou o momento em que ele foi para a sepultura.
Então eis o ponto. A ressurreição de Jesus é dada a nós como a confirmação ou a evidência de que ele estava, de fato, livre ao entregar sua vida. E então a ressurreição é o testemunho de Cristo quanto à liberdade de seu amor.
De todas as grandes coisas que a Páscoa significa, ela também significa isso: é um grande “Eu quis fazer isso!” por trás da morte de Cristo. Eu quis fazer isso! Eu estava livre. Você vê o quão livre eu estou? Você vê quanto poder e autoridade eu tenho? Eu era capaz de evitá-la. Eu tenho o poder de tomar minha vida e voltar da sepultura. Então, como eu não conseguiria devastar meus inimigos e escapar da cruz?
Minha ressurreição é um brado sobre meu amor por minhas ovelhas: Eu era livre! Eu era livre! Eu escolhi isso. Eu abracei isso. Eu não fui capturado. Eu não fui encurralado. Nada pode me obrigar a fazer o que eu não escolho fazer. Eu tinha poder para tomar minha vida de volta da morte. Quão mais, então, eu poderia evitar meu encontro com a morte!
Eu estou vivo para mostrar a você que eu realmente amei você. Eu amei você livremente. Ninguém me forçou a fazê-lo. E agora estou livre para passar a eternidade amando você com um amor onipotente de ressurreição para sempre e sempre.
Vinde a mim, vós todos pecadores que necessitam de um Salvador. E eu os perdoarei, os aceitarei, e os amarei de todo o meu coração para todo sempre.
Os que detinham Jesus zombavam dele, davam-lhe pancadas e, vendando-lhe os olhos, diziam: Profetiza-nos: quem é que te bateu? E muitas outras coisas diziam contra ele, blasfemando. (Lucas 22:63-65)
Enquanto lia estas terríveis palavras, me achei falando para Jesus: “Sinto muito. Sinto muito, Jesus. Perdoe-me!” Me senti como sendo um ator aqui, não apenas um espectador. Eu tanto era parte daquele horrível bando que eu sabia que eu era tão culpado quanto eles. Senti que se a fúria de Deus derramasse sobre aqueles soldados e me varresse junto, justiça teria sido feita. Não teria sido injusto que eu caísse sob a sentença deles.
Alguma vez já lhe incomodou que, às vezes no Antigo Testamento, quando um homem peca, muitos são varridos com a punição que Deus traz? Por exemplo, quando Davi pecou fazendo o censo do povo (2 Samuel 24:10), “de Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo” (2 Samuel 24:15). Em outro exemplo, Acã guardou alguns dos despojos de Jericó e toda a sua família foi apedrejada (Josué 7:25). Talvez minha experiência ao ler Lucas 22 seja uma dica da divina justiça nisso.
Uma analogia veio à minha mente. Os corações da humanidade são como um manto de magma sob a superfície de toda a terra. A lava derretida sob a terra é a perversidade do coração humano — a rebelião contra Deus e o egoísmo para com as pessoas. Às vezes um vulcão de rebelião entra em erupção, o que Deus vê como apropriado para julgamento imediato. Ele pode fazê-lo ao fazer com que a abrasadora e destrutiva lava flua não apenas pela montanha que entrou em erupção, mas também através dos vales que não entraram em erupção, mas que possuem o mesmo magma de pecado sob a superfície.
A razão pela qual eu confesso o pecado de espancar Jesus, mesmo que eu não estivesse lá, é que a mesma lava de rebelião existe em meu próprio coração. Eu o conheço o suficiente para saber disso. Então mesmo que ele não entre em erupção em tal atrocidade vulcânica como a crucificação, ele ainda é merecedor de julgamento. Se Deus escolhesse fazer chover lava de suas costas malignas em suas próprias cabeças e um pouco dessa lava consumisse até mesmo a mim, eu não seria capaz de encontrar defeito na justiça de Deus.
Podemos nos perguntar por que Deus escolhe pagar alguns males imediatamente e outros não. E podemos nos perguntar como ele decide quem varrer junto no julgamento. Por que setenta mil? Por que não cinquenta mil, ou cem, ou dez? Por que a esposa de Acã e não o vizinho avarento duas tendas depois? Eu duvido que as respostas estejam disponíveis a nós agora. Cabe-nos confiar que tais decisões vêm de uma Sabedoria tão grande que pode discernir todos os possíveis efeitos em todas as possíveis épocas, lugares e pessoas. O quão amplamente fluirá a lava da rebelião e do julgamento de uma pessoa depende somente da mão de Deus.
E eu acredito a partir de Romanos 8:28 que, mesmo que a lava de castigo me alcance a certa distância do vulcão, há misericórdia nisso. Eu não mereço escapar, pois conheço meu próprio coração. Mas confio em Cristo, então sei que o julgamento será transformado em alegria. Mesmo que ele me mate, ainda assim confiarei nele. Pois preciosa é à vista do Senhor a morte de seus santos.
Por isso, também [Jesus] pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. (Hebreus 7:25)
A grande paixão do autor de Hebreus é que “acheguemo-nos” a Deus (Hebreus 4:16, 7:25, 10:22, 11:6). Achegue-se a seu trono para encontrar toda a ajuda de que precisa. Achegue-se a ele, confiante de que ele nos recompensará com tudo o que ele é por nós em Jesus. E isso é claramente o que ele quer dizer em Hebreus 10:22, porque o versículo 19 diz que temos confiança para entrar no santo lugar, ou seja, o novo “santo dos santos” celestial, como aquele aposento interior no antigo tabernáculo do Antigo Testamento onde o sumo sacerdote se encontrava com Deus uma vez por ano, e onde sua glória descia sobre a arca da aliança.
Então aquele mandamento, aquela exortação que recebemos em Hebreus 10:19-22 é para nos achegarmos a Deus. O grande alvo desse autor é que nos aproximemos de Deus, que tenhamos amizade com ele, que não nos estabeleçamos numa vida cristã a uma distância de Deus, que Deus não seja um pensamento distante, mas uma realidade próxima e presente, que experimentemos o que os antigos puritanos chamaram de comunhão com Deus.
Tal achegar-se não é um ato físico. Não é construir uma torre de Babel, por suas próprias conquistas, para chegar ao céu. Não é necessariamente ir ao prédio de uma igreja, ou caminhar para o altar na frente. É um ato invisível do coração. Você pode fazê-lo enquanto está em pé absolutamente imóvel, ou enquanto está deitado em um leito de hospital, ou enquanto está assentado em um banco ouvindo a um sermão.
Achegar-se não é mover-se de um lugar para o outro. É um direcionamento do coração à presença do Deus que está tão distante quanto o santo dos santos no céu, e ainda assim tão perto quanto a porta da fé. Ele nos ordena que venhamos, nos aproximemos, nos acheguemos a ele.
De fato, este é o âmago de todo o evangelho do Novo Testamento, não é? Que Cristo veio ao mundo para abrir caminho para que cheguemos a Deus sem sermos consumidos em nosso pecado por sua santidade.
Este é o centro do evangelho — é disso que se trata o Jardim do Getsêmani e a Sexta-feira Santa — que Deus fez coisas surpreendentes e dispendiosas para nos achegar. Ele enviou seu Filho para sofrer e morrer para que através dele pudéssemos nos achegar. Tudo é para que pudéssemos nos aproximar. E tudo isso é para nossa alegria e para sua glória.
Ele não precisa de nós. Se ficarmos longe, ele não é empobrecido. Ele não precisa de nós para ser feliz na comunhão da Trindade. Mas ele magnifica sua misericórdia ao nos dar livre acesso através de seu Filho, a despeito de nosso pecado, à única Realidade que pode nos satisfazer completamente e para sempre, a saber, ele mesmo. “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmo 16:11).
“Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU.” (João 13:19)
O próprio Jesus ensinou que todas as profecias a seu respeito seriam cumpridas. Em outras palavras, nós temos um testemunho não apenas de que os próprios autores viram a vida de Jesus como o cumprimento da profecia, mas que Jesus também viu.
Por exemplo, em Lucas 22:37, Jesus diz: “Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: ‘Ele foi contado com os malfeitores.’ Porque o que a mim se refere está sendo cumprido” (veja Isaías 53:12). Jesus viu que as predições do Messias e seus sofrimentos seriam cumpridas nele mesmo.
Jesus assumiu o princípio de João 13:19 e predisse vários detalhes do que iria acontecer com ele para que nós crêssemos quando eles acontecessem. “Começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse” (Marcos 8:31). Jesus viu as predições do Messias e seus sofrimentos sendo cumpridas nele mesmo.
Ele faz todas essas predições, de acordo com João 13:19, para que nós crêssemos que ele é Deus, que o que ele diz a respeito de si mesmo é a verdade.
Em outras palavras, Jesus está dizendo: "Se você está tendo dificuldades de crer que eu sou o Messias prometido, que eu sou aquele que estava no princípio com Deus e era Deus (João 1:1), que eu sou o divino Filho de Deus, que pode perdoar todos os seus pecados lhe dando a vida eterna e guia-lo no caminho ao céu, então eu quero ajudá-lo a crer. E uma das maneiras pela qual vou ajudá-lo a ter uma fé bem fundamentada é lhe dizendo o que vai acontecer comigo antes que aconteça, para que quando aconteça, você tenha uma boa razão para acreditar em mim."