Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto. Será?
O Aluno insiste na sua total ignorância:
"Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados.
Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto.
Devo matá-lo mesmo?"
Algumas vezes, os críticos das Escrituras esquecem-se do princípio da revelação progressiva. Deus não revela tudo de uma só vez, nem determina sempre as mesmas condições para todos os períodos do tempo. Portanto, algumas das suas revelações posteriores vão sobrepor-se a afirmações anteriores.
Às vezes, os críticos da Bíblia confundem uma mudança na revelação com um erro. O erro, entretanto, é do crítico. Por exemplo, o facto de que a mãe ou o pai de uma criança permita que ela, quando é pequena, coma com a mão, para só mais tarde a ensinar a comer com uma colher não é uma contradição. Nem ainda a mãe ou o pai estará a contradizer-se quando, mais tarde, insistir para que o filho use um garfo, e não mais uma colher, para comer vegetais. Isto é revelação progressiva, sendo cada ordenança adequada à circunstância particular em que a pessoa se encontra.
Houve uma época em que Deus testou a humanidade proibindo-a de comer o fruto de uma determinada árvore no jardim do Éden (Gn 2:16-17). Este mandamento já não está em vigor, mas a revelação posterior não contradiz a anterior. Também houve um período (sob a lei de Moisés) em que Deus ordenou que animais fossem sacrificados pelo pecado do povo. Entretanto, desde que Cristo ofereceu o sacrifício perfeito pelo pecado (Hb 10:11-14), esse mandamento do AT não está mais em vigor. Aqui, de novo, não há contradição entre o mandamento posterior e o anterior.
De igual forma, quando Deus criou a raça humana, Ele ordenou que se comessem apenas frutas e vegetais (Gn 1:29). Mas depois, quando as condições se alteraram após o dilúvio, Deus ordenou que se comesse também carne (Gn 9:3). Tal mudança de uma condição herbívora para uma carnívora é uma revelação progressiva, mas não se constitui uma contradição. De facto, todas as subsequentes revelações são simplesmente mandamentos diferentes para pessoas diferentes em tempos diferentes, dentro do plano geral de Deus para a redenção.
É certo que Deus não poda alterar mandamentos que têm que ver com a Sua natureza Imutável (cf. Ml 3:6; Hb 6:18). Por exemplo, sendo Deus amor (1 Jo 4:16), Ele não pode ordenar que odiemos. Nem pode ordenar o que é logicamente impossível, como, por exemplo, oferecer e, ao mesmo tempo e com o mesmo propósito, não oferecer um sacrifício pelo pecado.
Mas, apesar desses limites de ordem lógica e moral, Deus pode e revelou-Se de maneira progressiva e não contraditória. Quando, porém, os factos relativos à Sua revelação são tirados do próprio contexto e comparados a outros anteriores, podem parecer uma contradição. Esse, contudo, é o mesmo tipo de erro de quem acha que a mãe está a contradizer-se ao permitir que o filho, agora mais velho, vá dormir mais tarde.
Depois de quarenta anos de estudo contínuo e cuidadoso da Bíblia, a única conclusão a que se pode chegar com respeito àqueles que pensam ter descoberto um erro na Bíblia é que eles não sabem muita coisa a respeito dela - na verdade, sabem é muito pouco sobre a Bíblia! Isso não significa, é claro, que entendemos todas as dificuldades existentes nas Escrituras. Mas, certamente, isso faz-nos crer que Mark Twain tinha razão ao concluir que não era a parte da Bíblia que ele não entendia o que mais o incomodava, mas as partes que ele compreendia, estas, sim, incomodavam-no!
Jesus, é o sábado do cristão. Ele é o nosso descanso e todos os dias Lhe são dedicados com o nosso viver independentemente dos dias em que descansamos ou trabalhamos.
"MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia
Norman Geisler - Thomas Howe"