Quem tramou o inferno?
A ideia de que o inferno morreu é diabólica.
A determinada altura dos anos sessenta o inferno desapareceu. Ninguém sabia dizer ao certo quando isso aconteceu. Estava lá, e de repente deixou de estar. Pessoas diferentes em momentos diferentes deram-se conta do desaparecimento do inferno. Algumas aperceberam-se de que viviam há anos como se o inferno não existisse, sem nunca terem dado pelo seu desaparecimento. De um modo geral, o desaparecimento do inferno foi um grande alívio (David Lodge, Até onde se pode ir?)
O trecho do belíssimo livro de David Lodge é um alerta bem actual. O inferno sumiu. Desapareceu das conversas teológicas e dos púlpitos. Todavia, a ideia de que o inferno morreu é diabólica. Nunca esqueçamos que o diabo com as suas artimanhas “transfigura-se em anjo de luz” (2 Cor. 11.14). De forma simples e directa gostaria de alinhavar uma rápida teologia sobre a vida depois da sepultura onde a existência do inferno é convictamente subentendida.
1 – O que significa “sheol” e “hades”?
“Sheol” = ser oco. Refere-se (1) à morte e à sepultura (Isa. 38.10); (2) ao local para onde vão pessoas depois da morte (Sal. 89.48); (3) e ao local de castigo para os ímpios (Job 24.19; Pro. 5.5). “Hades” = escondido, escuro. Não é eterno, é estado intermédio (de acordo com alguns teólogos) (Act. 2.27,31; Luc. 16). “Geena” = Vale Gen Hinom (Vale da Lamentação) onde idolatras sacrificavam filhos a Maloque (estátua de aço oco). O Rei Josias levou a efeito uma restauração do culto em Israel. Ele quebrou imagens e fez deste vale uma lixeira pública, com fogos eternos a arder. Geena é, portanto um lugar de tormento eterno (Mat. 5.29; 10.8; 18.9; Mar. 9.48).
2 – Existe mesmo o purgatório?
A Bíblia diz claramente que o Homem morre uma vez e depois disso vem o juízo (Heb. 9.27). O que acontece ao Espírito: vai para Deus que o deu (Ecl. 12.7). De acordo com o Novo testamento deixar este mundo é equivalente a “estar c/ Cx” (Fil. 1.21-24; 2 Cor. 5.6-8; 2 Ped. 3.12-13).
3 – O que acontece depois da morte?
Justos: sua alma está c/ Deus (Heb. 1.:23), não ficam a assombrar cemitérios! Injustos: “lugar de tormentos” (Luc. 16.23,28); diferente p/ cada um (Luc. 12.47-48).
4 – Como vai ser o juízo final?
Em primeiro lugar será a hora da verdade para todos. Todos irão comparecer perante o “tribunal de Cx” (Rom. 14.10; 1 Ped. 4.5). Os Crentes Nascidos de Novo, e Remidos pelo Sangue de Cristo, não serão julgados para determinar se vão para céu. Isso está resolvido em Cristo: “não há condenação em Cx” – Rom 5.1-2. O julgamento será para testar as nossas obras e uso de dons e frutos espirituais (1 Cor. 3.13-14). Haverá um “trono branco” para descrentes e um “livro da vida“ para os crentes (Ap. 20.11; 21.27)
5 – O que acontece aos que já estão mortos? E aos vivos?
Os mortos ressuscitam (João 5.28-29; Daniel 12.2). É importante esta verdade. Os mortos estão sepultados. Eles não estão mortos e desaparecidos. Entretanto, os crentes vivos serão arrebatados (Luc. 17.34-35; 1 Tess. 4.17).
6 – Como será o nosso corpo no céu?
Será um corpo incorruptível e espiritual (1 Cor. 15.42,50). Terá tecido de carne e osso (Luc. 24.39, 1 Cor. 15.50). Terá uma dinâmica e energia vital diferente (1 Cor. 15.43), c/ cordas vocais incansáveis! Louvaremos e adoraremos o Cordeiro no Trono eternamente.
7 – Porque é necessário haver ressurreição dos mortos?
Simplesmente porque precisamos de corpos. Peixes necessitam de guelras, e os pássaros de asas. Deus desenhou-nos como seres integrais, contendo espírito e corpo. Se fôssemos só corpo, seríamos animais! Se fôssemos só espírito, seríamos anjos! Corpo e espírito gozarão da bênção eterna, ou da maldição eterna! Não imaginamos como será a textura do “corpo glorificado”. É um pouco como um bebé, no ventre de sua mãe (respirando água) imaginar o mundo lá fora (respirando ar). Sabemos que iremos encaixar no céu, como uma cor linda que dá relevo a uma pintura, ou um ingrediente especial que dá gosto ao cozinhado.
O inferno está lá para ser evitado. Na verdade a “fonte” por excelência sobre o inferno é A Fonte: Jesus Cristo foi quem mais falou sobre o inferno. O inferno é uma escolha pessoal e ninguém vai para lá que não queira.
No final haverá dois tipos de pessoas. Aquelas que dizem para Deus – “seja feita a Tua vontade”. E, aqueles a quem Deus diz: “a tua vontade seja feita”. Sem essa auto-escolha não haveria inferno. (C.S.Lewis, The Great Dicvorce).
Há um inferno a evitar, e há o céu para abraçar. A escolha é nossa.
Autor: Filipe Samuel Nunes