Quem Foi Allan Kardec?
Matéria extraída de uma ou mais obras literárias. | Publicado em : | 06- 07- 2009 |
Allan Kardec
Foi, em Lyon, França, no dia 3 de Outubro de 1804, que nasceu aquele que mais tarde viria a usar o pseudónimo de Allan Kardec (“Obras Completas” –Editora Opus, p. 1, 2ª edição especial, 1985).
Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu às 19 horas, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail, magistrado, juiz, e Jeanne Duhamel, sua esposa, moradores de Lyon, rua Sala, 76 (“Obras Completas.” Allan Kardec. Editora Opus, p. 1).
Os seus primeiros estudos foram feitos na sua terra natal e completou a sua bagagem escolar na cidade de Yverdun (Suíça), onde estudou sob a direcção do famoso mestre Pestalozzi, de quem recebeu grande influência. Inúmeras vezes, quando Pestalozzi era solicitado pelos governos, para criar institutos como o de Yvernun, confiava a Denizard Rivail o trabalho de o substituir na direção da escola. Tirou o bacharelato em letras e ciências e doutorou-se em Medicina, após completar todos os estudos médicos e defender brilhantemente a sua tese.
Conhecia e falava correctamente alemão, inglês, italiano e espanhol; tinha conhecimentos também de holandês expressava-se com alguma facilidade nesta língua. Foi isento do serviço militar e, depois de dois anos, fundou, em Paris, na rua Sèvres 35, uma escola idêntica à de Yverdun. Fez sociedade com um tio (irmão da mãe), para esse empreendimento, o qual entrava como sócio capitalista. Encontrou destaque no mundo das letras e do ensino que frequentava em Paris, vindo a conhecer a senhorita Amélie Boudet, que conquistou o seu coração. Ela era filha de Julien Louis Boudet, antigo tabelião e proprietário, e de Julie Louise Seigneat de Lacombe. Amélie nasceu em Thias (Sena), em 23 de novembro de 1875. Denizard Rivail casou-se com ela no dia 6 de fevereiro de 1832. A senhorita Amélie Boudet era nove anos mais velha do que Rivail. O seu tio, que era sócio na escola que fundaram, era viciado no jogo e acabou por levar a instituição à falência. Fechado o instituto, Rivail liquidou as dívidas, fez a partilha do restante, e cada um recebeu a quantia de 45 mil francos. O casal Denizard aplicou odinheiro no comércio de um dos seus amigos mais íntimos. Este realizou maus negócios, e foi outra vez à falência, nada deixando aos credores. Rivail trabalhou duro, aproveitou a noite para escrever sobre gramática, aritmética, livros para estudos pedagógicos superiores; ao mesmo tempo que traduzia obras inglesas e alemãs. Em sua casa organizava cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia. Escreveu: “Curso Prático e Teórico de Aritmética”, segundo o Método de Pestalozzi, com modificações, dois tomos em 1824; “Plano proposto para a melhoria da educação pública”, que assina como discípulo de Pestalozzi e em que expõe processos pedagógicos avançados em 1828. Escreveu os seguintes livros: “Qual o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da época?”, “Memória sobre estudos clássicos”, premiado pela Academia Real das Ciências, de Arras, em 1831; “Gramática francesa clássica” em 1831; “Manual dos exames para os certificados de habilitação: soluções racionais das perguntas e dos problemas de Aritmética e de Geometria”, em 1846; “Catecismo gramatical da língua francesa” em 1848; “Programa dos cursos ordinários de Química, Física, Astronomia e Fisiologia” em 1849; “Ditados normais (pontos) para exames na Municipalidade (Hotel-de-Ville) e na Sorbonne” (1849), obra escrita com a colaboração de Lévi-Alvarès. Escreveu ainda: “Questionário gramatical, literário e filosófico”, em colaboração com Lévi-Alvarès. Segundo informa André Moreil, várias de suas obras são adotadas pela Universidade da França. Era membro de inúmeras sociedades de sábios, especialmente da Academia Real d’Arras.
A PRIMEIRA INICIAÇÃO DE RIVAIL NO ESPIRITISMO
Ainda jovem, no ano de 1823, Denizard Rivail demonstrava grande interesse pelo magnetismo animal, um movimento da época, também chamado de mesmerismo, porque fora criado pelo médico alemão Francisco Antonio Mesmer (1733-1815), que morava em Paris desde 1778. No ano de 1853, quando as mesas girantes e dançantes vindas dos Estados Unidos invadiram a Europa, os adeptos do mesmerismo ou magnetistas de Paris, quiseram explicar com as suas teorias magnéticas este curioso fenómeno. No final do ano de 1854, o magnetista Fortier notificou a Rivail o fenómeno das mesas dançantes que se comunicavam, dizendo-lhe: Sabe o senhor da singular propriedade que acabam de descobrir no magnetismo? Parece que não são unicamente os indivíduos que magnetizam, mas também as mesas, que podemos fazer girar e andar à vontade. No ano de 1855, o Sr. Carlotti encontrou um antigo amigo seu que tornou a falar-lhe desses fenómenos cerca de uma hora e com muito entusiasmo, o que fez despertar novas idéias. No fim da conversa, Carlotti disse a Rivail: "Um dia serás um dos nossos". Ao que Rivail respondeu: "Não digo que não. Veremos mais tarde." (“Obras Póstumas. Obras Completas.” Editora Opus, p. 1160, 2ª edição especial, 1985).
Em Maio de 1858, Rivail foi à casa da Sra. Roger e encontrou-se com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Estavam presentes ali o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison que lhe explicaram aquelas manifestações. Rivail foi convidado a assistir às experiências que se realizavam na casa da Sra. Plainemaison, na rua Gange-Batelière, nº 18. O encontro foi marcado para terça-feira às oito horas da noite. Foi ali, pela primeira vez, que Rivail presenciou o fenómeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não houve teve mais dúvidas. Numa das reuniões da Sra. Plainemaison, Rivail conheceu a família Baudin, que morava na rua Rochechouart, que o convidou para ir a sua casa para assistir às sessões semanais que se realizavam ali. Ele aceitou o convite e, desde então, Rivail passou a ser muito assíduo nas reuniões (“Obras Completas”, p. 1160).
Uma noite, por intermédio de um médium, o seu espírito pessoal revelou-lhe que eles tinham vivido juntos noutra existência, no tempo dos Druidas, nas Gálias, e que o seu nome era Allan Kardec (“Obras Completas.” Editora Opus, 2ª edição, 1985 p. 1).
Em 1856, Kardec frequentava sessões espíritas que eram feitas na rua Tiquetone, na residência do Sr. Roustan e da Srta. Japhet. No dia 25 de Março desse ano, na casa do Sr. Baudin, que tinha uma filha que era médium, Rivail aceita a revelação de ter como guia um espírito familiar chamado: A Verdade. Ficará a saber mais tarde que se trata do Espírito Santo, o Espírito da Verdade, que Jesus havia prometido enviar.
Kardec reuniu todas as informações que tinha sobre o espiritismo, codificou uma série de leis e, no dia 18 de Abril de 1857, publicou uma obra com o nome: Le Livre des Espirits (O Livro dos Espíritos). Este livro alcançou grande repercussão, e a primeira edição esgotou rapidamente. A obra foi reeditada no ano de 1858, e neste mesmo ano, em Janeiro, ele publica a Revue Spirite (Revista Espírita), o primeiro órgão espírita da França, cuja existência ele justificou assim: "Não se pode contestar a utilidade de um órgão especial, que mantenha o público a par desta nova ciência e o premuna contra os exageros, tanto da credulidade excessiva, como do ceticismo. É essa lacuna que nos propusemos preencher com a publicação desta revista, no intuito de oferecer um veículo de comunicação a todos aqueles que se interessam por essas questões e de vincular por um laço comum aqueles que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral, ou seja, a prática do bem e da caridade evangélica para com o próximo (Espiritismo Básico. Pedro Franco Barbosa, 2ª edição, FEB, p. 53).
E em 1º de Abril funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Editou ainda outros livros: “O Livro dos Médiuns”, que surgiu na primeira quinzena de Janeiro de 1861, considerado como a obra mais importante sobre a prática do espiritismo experimental. Em 1862, publicou “Uma Refutação de Críticas contra o Espiritismo”; em abril de 1864, “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”, que mais tarde foi alterado por o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, com explicações das parábolas de Jesus, aplicação e concordância da mesma com o espiritismo. Kardec interpreta os sermões e as parábolas de Jesus, manipulando-os para que concordem com seus ensinos e com as crenças espíritas e animistas que sempre existiram. No dia 1 de Agosto de 1865, lançou uma nova obra com o título: “O Céu e o Inferno” ou a “Justiça Divina Segundo o Espiritismo”; em Janeiro de 1868, a “Gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo”, com a qual completa a codificação da doutrina espírita e o nome de Allan Kardec passa a figurar no Novo Dicionário Universal, de Lachâtre, como filósofo.
Hippolyte Léon Denizard Rivail – Allan Kardec – morreu em Paris, na rua Santana, 25 (Galeria Santana, 59), no dia 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, sucumbindo à rotura de um aneurisma. A senhora Rivail contava 74 anos quando seu esposo morreu. Sobreviveu até 1883, morrendo em 21 de Janeiro, com a idade de 89 anos sem deixar herdeiros diretos.
Fonte:
-ICP, Série Apologética, Vol. 2
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