Quem morreria em favor de uma mentira? II
Os próprios apóstolos tiveram que ser convencidos de que Jesus ressuscitara dentre os mortos. A princípio eles não O aceitaram. Esconderam-se (Mc 14:50) e não hesitaram em expressar suas dúvidas. Só quando tiveram evidências plenas e convincentes é que passaram a acreditar no facto de que Jesus havia ressuscitado.
Olhemos para Tomé. Ele afirmou não acreditar que Cristo surgira dos mortos enquanto não pusesse os dedos nas maracas dos cravos. Mais tarde, Tomé morreu como mártir, por causa de Cristo. Será que ele estava enganado? Ele deu a vida para provar que não estava.
Também houve Pedro. Ele negou a Cristo várias vezes durante o julgamento deste. Por fim, abandonou o Senhor. Mas algo aconteceu àquele homem covarde. Pouco tempo depois da crucificação e sepultamento de Cristo, Pedro apareceu em Jerusalém pregando corajosamente, sob ameaça de morte, que Jesus era o Cristo, e que ressuscitara. E afinal, o próprio Pedro foi cucificado também, de cabeça para abixo. Será que ele estava enganado? O que aconteceu com ele? O que o transformou tão drásticamente, tornando-o num leão audacioso, morrendo em nome de Jesus? Porque é que um homem que, antes de Jesus Cristo ser crucificado O negou por medo, se dispôs a morrer pela verdade de que esse Jesus tinha ressuscitado? A única explicação satisfatória para a mudança de Pedro, encontra-se em 1 Coríntios 15:5 "E apareceu a Cefas (Pedro)".
O exemplo de um homem convencido contra a sua vontade foi o de Tiago, irmão de Jesus Cristo (Mt 13:55; Mc 6:33). Embora ele não fosse um dos doze apóstolos (Mt 10:2-4), mais tarde ele seria reconhecido como apóstolo (Gl 1:19), como também Paulo e Barnabé (At 14:14). Quando Jesus estava vivo, Tiago não acreditava que seu irmão Jesus fosse o Filho de Deus (Jo 7:5). Ele, assim como seus irmãos e irmãs, haviam zombado de Cristo. "Você quer que acreditem em você? Porque não vai para Jerusalém, e se manifesta lá?" Para Tiago, deve ter sido uma grande humilhação ver Jesus andando pelo país, lançando a vergonha sobre o nome da família, por causa de suas declarações loucas: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" _ João 14:6; "Eu sou a videira, vós os ramos" _ João 15:5; "Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim" _ João 10:14.
O que é que você pensaria de um irmão que afirmasse tais coisas em voz alta?
Mas... algo aconteceu a Tiago. Depois que Jesus foi crucificado e sepultado, Tiago apareceu pregando em Jerusalém. Sua mensagem dizia que Jesus morrera pelos pecados do mundo, ressurgira outra vez e estava vivo. Mais tarde, Tiago tornou-se um dos líderes da Igreja de Jerusalém, e escreveu a Epístola de Tiago. Ele inicia essa Epístola assim: "Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Seu irmão." Por fim, ele morre como mátir por apedrejamento _ às mãos de Ananias, o sumo sacerdote (Josefo). Será que Tiago estava enganado? Não! A única explicação possível para a mudança efectuada na vida de Tiago é a de 1 Coríntios 15:7 _ "Depois foi visto por Tiago."
Se a ressurreição de Jesus Cristo foi uma mentira, os apóstolos sabiam disso. Será que eles perpetuariam tamanha fraude? Esta possibilidade é inconsistente com o que sabemos acerca de suas qualidades morais. Eles enfatizavam a verdade e condenavam a mentira. Incentivavam o povo a que conhecesse a Verdade. Morreram pela Verdade!
O historiador Edward Gibbon, na sua famosa obra A História do Declínio e Queda do Império Romano apresenta "a pura e austera moralidade dos primeiros cristãos" como uma das cinco razões para o rápido sucesso do cristianismo. Michael Green, director do St. John College, de Nottingham, observa que a ressurreição "foi a crença que transformou aqueles sofridos seguidores de um rabi crucificado em corajosas testemunhas e mártires da Igreja primitiva. Esta foi a crença que distinguiu os seguidores de Jesus dos judeus em geral, e fez deles a comunidade da ressurreição. Eles eram presos, chicoteados, mortos, mas nada os fazia negar a convicção de que "ao terceiro dia Jesus ressuscitou".
A conduta corajosa dos apóstolos, que eles adoptaram imediatamente após terem constactado a realidade da ressurreição, torna improvável a suposição de que tudo não tenha passado de uma fraude. Eles passaram de covardes a corajosos quase da noite para o dia. Pedro, que havia negado a Cristo, ergueu-se, mesmo diante das ameaças de morte, e proclamou que Jesus estava vivo, após a ressurreição d'Ele.
As autoridades prenderam os seguidores de Jesus (At 5:40-42). Os amigos viram sua felicidade, e os inimigos sua coragem. Eles não procuraram um povoado obscuro para ali pregar, mas fizeram-no em Jerusalém sabendo quais as consequências.
Os seguidores de Jesus Cristo não poderiam ter enfrentado torturas e morte como fizeram, a menos que estivessem convencidos da ressurreição d'Ele. A unanimidade da sua mensagem e linha e conduta era admirável. Existem muito poucas probabiliddaes de que um grupo grande de pessoas tenha perfeita harmonia, entretanto, todos concordavam entre si acerca das verdades da ressurreição. Se fossem enganadores, é muito difícil entender porque é que, pelo menos um deles, não cedeu a toda aquela pressão e perseguição.
Continua: