O DESTINO ETERNO 1
Depois do juízo final, segue-se o destino eterno.
Para os justos, o céu; para os ímpios o inferno. Vejamos primeiro o destino dos ímpios:
O DESTINO ETERNO DOS ÍMPIOS: O INFERNO
FACTORES CULTURAIS QUE AFECTAM NOSSA IDÉIA DO INFERNO
O homem moderno tem uma certa dificuldade de entender a doutrina bíblica do inferno. Em parte, em decorrência de mudanças culturais. Alguns dos factores culturais que podem interferir nesse entendimento são:
1) Novas imagens para Deus
Hoje a imagem de um pai amoroso para Deus é preferida à de um rei absoluto. Imagina-se que, como um rei absoluto, Deus sempre faz o que quer, mas como um pai amoroso Ele é sensível às nossas necessidades, mesmo quando nós O decepcionamos. No nosso tempo, não se admite um rei absoluto assim. Mas a Bíblia tem ambas as imagens para Deus. A implicação disto na interpretação do inferno é se Deus manda para o inferno o pecador ou se Ele permite com tristeza a escolha que o próprio homem faz.
Muitos defendem a passividade de Deus. Segundo eles Deus já fez tudo possível para a salvação; a condenação é a escolha do homem. Deus não manda ninguém para o inferno. Outros não concordam com a passividade divina. Em seu favor está a idéia de que Deus é juís, que julga e condena. Também a idéia da ira de Deus não concorda com a passividade divina na determinação daqueles que vão para o inferno.
Mas a questão da condenação não pode ser colocada nestes termos: Deus ou o homem. Segundo a Bíblia, não se pode excluir a responsabilidade do homem na sua própria condenação. Deus é um Rei Soberano, Justo Juíz, que age como um Pai amoroso para com os Seus filhos, mas com Poder, Justiça e Santidade.
2) Nosso entendimento da natureza do homem
Desde o iluminismo nosso entendimento sobre a natureza do homem tem mudado. Crê-se que o homem em si não é tão mau. O humanismo deu um crédito a mais ao ser humano. O homem secular não crê que ele mereça o castigo eterno, nem gosta da idéia de que está nas mãos de Deus.
3) Mais contactos com pessoas de outras religiões
Quando se conhece mais pessoas de outras religiões, é mais difícil exclui-las do reino de Deus, ainda mais quando se sabe que há muitos que têm uma vida digna de nossa admiração, pela sua bondade. carácter e pelo que fazem em favor de outrem.
Todos estes factores podem interferir em nosso conceito do castigo eterno, como de facto tem acontecido com vários intérpretes. Alguns negam a existência real do inferno, e outros modificam o seu significado e diminuem sua duração. Mas o que nos diz a Bíblia?
O INFERNO COMO UM LUGAR
A Bíblia afirma a existência real do inferno. Não se trata apenas de um estado subjectivo da pessoa sem Cristo no além, mas é também um lugar. Muitas passagens nos dão conta da sua existência como um lugar para onde os ímpios vão (Mt 25: 41-46; Mc 9: 45-46; 2 Ts 1: 7-9; Lc 16: 19-31; Ap 20: 10; 21: 8).
O termo mais usado para designar o destino final dos ímpios sugere uma localidade. A idéia de punição eterna é derivada da palavra Hebraica ge hinnon (vale de Hinon) e do seu correspondente grego gehenna. Este termo, que é traduzido por inferno, originalmente indicava um vale próximo de Jesrusalém, vale de Hinon, onde os pagãos sacrificavam seus filhos ao ídolo Moloque. Depois passou a ser uma vale onde as impurezas da cidade eram queimadas diuturnamente, com fogo que nunca se apagava. Assim, gehenna (inferno) passou a ser um lugar de imundícias e de destruição, e transformou-se num símbolo do juízo divino.
No Novo Testamento, gehenna é visto como uma "fornalha de fogo" onde "haverá choro e ranger de dentes" (Mt 13: 42-50), lugar "onde o seu verme não morre e o fogo nunca se apaga" (Mc 9: 48). Inferno é lugar de castigo escatológico de eterna duração (Mt 25: 46). Ali se juntam o corpo e a alma (Mc 9: 43-45;48).
É o lugar de castigo para os ímpios bem como para Satanás e os demónios (Mt 25: 41), a besta e o falso profeta (Ap 19: 20; 20: 10), e também para a morte (Ap 20: 14). Outras expressões equivalentes são "fogo eterno", "lago de fogo", "lago ardente de fogo e enxofre".
Inferno é um lugar.

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Manual de Teologia Sistemática