"Qual é o evangelho do espiritismo?"
O evangelho do espiritismo é "outro evangelho"!
O apóstolo Paulo alertou os cristãos para os perigos de adoptarem "outros evangelhos" que já começavam a surgir naquela época e afirmou que, qualquer um que aceite outro evangelho em detrimento do evangelho de Jesus Cristo, é maldito!
"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema (maldito)." (Gálatas 1:8); "Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofreríeis." (2 Coríntios 11:4); "Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema (maldito)." (Gálatas 1:9).
A. W Pink, um dos maiores teólogos de sempre, descreveu magistralmente "O Evangelho Segundo o Espiritismo" como "O Evangelho de Satanás", mesmo que não tenha mencionado a doutrina de Allan Kardec na sua obra.
Convido-te a ler atentamente o que é "O Evangelho de Satanás" para que, usando a lógica, a razão e a coerência, possas compará-lo com a doutrina kardecista.
"Satanás não é um criador; ele é um imitador.
_ Deus tem um Filho unigénito, o Senhor Jesus Cristo; de modo similar, Satanás tem o "filho da perdição" (2 Tessalonicenses 2:3).
_ Existe uma Trindade Santa; de maneira semelhante, existe a Trindade do Mal (Apocalipse 20:10).
_ Lemos nas Escrituras a respeito dos "filhos de Deus"?
Lemos também sobre os "filhos do maligno" (Mateus 13:38).
_ Deus realmente realiza nos Seus filhos tanto o querer como o executar a Sua boa vontade?
Somos informados que Satanás também é o "espírito que agora actua nos filhos da desobediência" (Efésios 2:2).
_ Existe um "mistério da piedade" (1 Timóteo 3.16)?
Também existe um "mistério da iniquidade" (2 Tessalonicenses 2:7).
_ A Bíblia diz-nos que Deus, por meio dos seus anjos, sela os seus servos em suas frontes (Apocalipse 7:3).
Aprendemos igualmente que Satanás, por meio dos seus agentes, coloca uma marca sobre as frontes de seus servidores (Apocalipse 13:16).
_ As Escrituras revelam-nos que o "Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus" (1 Coríntios 2:10)?
De maneira semelhante, Satanás possui as suas “coisas profundas” (Apocalipse 2:24).
_ Cristo realiza milagres?
Satanás também pode fazer isso (2 Tessalonicenses 2:9).
_ Cristo está assentado em seu trono?
De modo semelhante, Satanás também tem o seu trono (Apocalipse 2:13).
_ Cristo possui uma Igreja?
Satanás tem a sua sinagoga (Apocalipse 2:9).
_ Cristo é a luz do mundo?
De modo similar, o próprio Satanás "se transforma em anjo de luz" (2 Coríntios 11:14).
_ Cristo designou os seus apóstolos?
Satanás também possui os seus apóstolos (2 Coríntios 11:13).
Tudo isso nos leva a considerar o "Evangelho de Satanás".
Satanás é um arqui-imitador. Ele está agora em actividade no mesmo campo em que o Senhor Jesus semeou a boa semente.
O diabo procura impedir o crescimento do trigo, utilizando-se de outra planta, o joio, que em aparência se assemelha muito ao trigo. Resumindo: por meio de um processo de imitação, Satanás almeja neutralizar a obra de Cristo. Portanto, assim como Cristo tem um evangelho, Satanás também possui um evangelho, que é uma imitação sagaz do evangelho de Cristo. O evangelho de Satanás parece-se tanto com aquele que procura imitar, que, multidões de pessoas não salvas são enganadas por este evangelho.
O apóstolo Paulo referiu-se a este evangelho, quando disse: "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo" (Gálatas 1:6,7).
Este falso evangelho já era proclamado nos dias do apóstolo, e uma terrível maldição foi lançada sobre aqueles que o pregavam.
O apóstolo continuou: "Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (v. 8).
Com a ajuda de Deus, esforçar-nos-emos para explicar, ou melhor, para desmascarar este falso evangelho.
O evangelho de Satanás não é um sistema de princípios revolucionários, nem mesmo um programa de anarquia. Este evangelho não promove conflitos ou guerras, mas tem como alvo a paz e a unidade.
Não procura colocar a mãe contra a filha, nem o pai contra o filho; ao invés disso, ele fomenta o espírito de fraternidade pelo qual a raça humana é considerada uma grande "irmandade".
Este evangelho não procura mortificar o homem natural, mas sim aprimorá-lo e enaltecê-lo.
O evangelho de Satanás defende a educação e a instrução, apelando ao "melhor que há no íntimo do ser humano"; tem como alvo fazer deste mundo um habitat tão confortável e agradável, que a ausência de Cristo não será sentida e Deus não será necessário.
O evangelho de Satanás esforça-se para manter o homem tão ocupado com as coisas deste mundo, que não tem ocasião nem inclinação para pensar no mundo por vir.
Este evangelho propaga os princípios do auto-sacrifício, da caridade e da benevolência, ensinando-nos a viver para o bem dos outros e sermos bondosos para todos. Apela fortemente à mentalidade carnal, tornando-se popular entre as massas, porque ignora os solenes factos de que, por natureza, o homem é uma criatura caída, está alienado da vida de Deus, morto em delitos e pecados, e de que a sua única esperança é "nascer de novo".
Contrariamente ao evangelho de Cristo, o evangelho de Satanás ensina que a salvação se realiza por meio das obras; incute na mente das pessoas a ideia de que a justificação diante de Deus ocorre com base nos méritos humanos.
A frase sagrada do evangelho de Satanás é: "Seja bom e faça o bem"; mas falha em reconhecer que na carne não habita bem algum.
O evangelho de Satanás anuncia uma salvação que se realiza por meio do carácter, uma salvação que é o reverso da ordem estabelecida por Deus, na sua Palavra — o caráter manifesta-se como fruto da salvação. As ramificações e organizações deste evangelho são multiformes. Temperança, movimentos de reforma, associações de cristãos socialistas, sociedades de cultura ética, congressos sobre a paz, todas estas coisas são empregadas (talvez inconscientemente) em proclamar este evangelho de Satanás — a salvação pelas obras. Cristo é substituído pelo cartão de apelo; o novo nascimento do indivíduo é trocado pela pureza social; e a doutrina e a piedade são substituídas por filosofia e política. A cultivação do velho homem é considerada mais prática do que a criação de um novo homem em Cristo Jesus, enquanto a paz universal é procurada sem a interposição e o retorno do Príncipe da Paz.
Milhões de espíritas nunca conheceram a verdade e acabaram por se entregar às fábulas. Dizendo-se cristãos, negam os principais pilares do cristianismo. Em vez de magnificarem a grande vileza do pecado e revelarem as suas eternas consequências, minimizam o pecado, por declararem que este é apenas ignorância ou uma ausência do bem.
Os espíritas tornam Deus um mentiroso, por declararem que Ele é muito amável e misericordioso e que, por isso mesmo, não enviará qualquer de suas criaturas para o tormento eterno.
Em vez de declararem que, "sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados", eles apresentam Cristo como um grande Exemplo e exortam os seus ouvintes a seguirem os passos d'Ele. Temos de afirmar a respeito desses falsários: "Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus" (Romanos 10:3).
A mensagem deles talvez pareça bastante plausível, e o seu objectivo, digno de louvor; todavia, lemos a respeito deles: "Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras" (2 Coríntios 11:13-15).
A grande maioria dos espíritas são muito indolentes para investigarem a Palavra de Deus por si mesmos e são deixados à mercê daqueles que dizem ter tido novas revelações/interpretações das Escrituras no lugar deles.
Em Provérbios 14:12, lemos: "Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte".
Este "caminho" que termina em "morte" é uma ilusão do diabo — o evangelho de Satanás — um caminho de salvação por meio de realizações humanas. É um caminho que "parece direito", ou seja, é um caminho apresentado de uma maneira tão plausível, que apela ao homem natural; e de uma maneira tão subtil e atractiva, que se recomenda a si mesmo à inteligência dos seus ouvintes. Multidões incontáveis são seduzidas e enganadas por este caminho, devido ao facto de que ele se apropria de uma terminologia religiosa, recorre, às vezes, à Bíblia, para se sustentar (sempre que isto for conveniente aos seus propósitos), e defende ideais nobres diante dos homens, sendo proclamado por aqueles que foram enganados pela sua própria presunção de sabedoria.
O sucesso de um falsificador de moedas depende de quão parecida a moeda falsa se torna com a genuína. A heresia não é uma negação completa da verdade, e sim uma perversão da verdade. Esta é a razão por que uma mentira incompleta é mais perigosa do que uma mentira completa.
Por isso, quando "o pai da mentira" age, ele não costuma negar abertamente algumas das verdades fundamentais do cristianismo; pelo contrário, ele reconhece-as astutamente e, em seguida, apresenta uma interpretação errada e uma falsa aplicação.
Por exemplo, ele não manifestará uma tolice tão excessiva, a ponto de anunciar ousadamente sua incredulidade num Deus pessoal; Satanás admite a existência de um Deus pessoal, mas, em seguida, apresenta uma falsa descrição do carácter deste Deus.
Satanás anuncia que Deus é o Pai espiritual de todos os homens, quando as Escrituras nos dizem claramente que somos "filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus" (Gálatas 3.26) e que, "a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus" (João 1.12). Além disso, Satanás declara que Deus é extremamente misericordioso e jamais enviará qual- quer membro da raça humana para o inferno, quando Deus mesmo afirmou: "Se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lado de fogo" (Apocalipse 20.15).
Satanás não seria tão medíocre, a ponto de ignorar o personagem central da História da humanidade — o Senhor Jesus. Pelo contrário, o evangelho de Satanás reconhece o Senhor Jesus como o melhor homem que já viveu. Este evangelho atrai a atenção das pessoas às obras de compaixão e de misericórdia realizadas por Jesus, à beleza de seu caráter e à sublimidade de seus ensinos.
A sua vida é elogiada, mas a sua obra vicária é ignorada; a importantíssima obra de expiação na cruz nunca é mencionada, enquanto a sua triunfante ressurreição física, dentre os mortos, é considerada como uma das credulidades de uma época de superstições. Este evangelho não contém o sangue da expiação e apresenta um Cristo sem cruz, que é recebido não como Deus manifestado na carne, e sim apenas como o "espírito mais puro e perfeito que já habitou neste planeta", um médium muito evoluído para aquela época.
Em 2 Coríntios 4.3-4, temos uma passagem bíblica que nos oferece muito esclarecimento sobre o nosso tema: "Se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século [Satanás] cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus".
Satanás cega a mente dos incrédulos ao ocultar-lhes a luz do evangelho de Cristo , substituindo-o pelo seu próprio evangelho. Ele é apropriadamente chamado de “diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo" (Apocalipse 12.9).
Ao apelar ao "melhor que existe no homem" e ao exortá-lo a "seguir uma vida nobre", Satanás fornece uma plataforma geral sobre a qual as pessoas de diferentes tons de opinião podem unir-se e proclamar esta mensagem comum.
Citamos, novamente, Provérbios 14.12: "Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte". Alguém já disse, com considerável verdade, que o caminho para o inferno está pavimentado com boas intenções. Haverá muitos no lago de fogo que recomendaram as suas próprias vidas com boas intenções, resoluções honestas e ideais elevados — aqueles que eram justos nos seus relacionamentos, correctos nas suas transações e caridosos em todos os seus procedimentos; homens que se orgulhavam de sua integridade, mas que procuravam justificar-se a si mesmos diante de Deus, por meio da sua justiça própria; homens de boa moralidade, misericordiosos, magnânimos, mas que nunca se viram como pecadores culpados, perdidos, merecedores do inferno e necessitados de um Salvador.
Este é o caminho que "parece direito"; é o caminho que se recomenda a si mesmo, à mente carnal e a multidões de pessoas iludidas nos nossos dias.
O engano do Diabo afirma que podemos ser salvos por meio de nossas próprias obras e justificados por meio dos nossos actos; enquanto Deus nos declara na sua Palavra: "Pela graça sois salvos, mediante a fé... não de obras, para que ninguém se glorie"; e: "Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou".
Creio que os espíritas são pessoas que crêem na historicidade da pessoa de Cristo; pessoas que esporadicamente se esforçam para obedecer aos preceitos de Jesus e pensam que isso é tudo que é necessário para a sua salvação. Embora acreditem em muitas coisas sobre Jesus, tais pessoas realmente não crêem n'Ele. Na sua mente, elas acreditam que Ele realmente viveu neste mundo (e, por crerem nisso, imaginam que O conhecem), mas nunca abaixaram as armas da sua guerra contra Jesus, sujeitando-se a Ele, nem creram n'Ele verdadeiramente como Senhor e Salvador, com todo o seu coração.
A simples aceitação de uma doutrina ortodoxa sobre a pessoa de Cristo, sem que o coração tenha sido conquistado por Ele e sem que a vida Lhe tenha sido consagrada, é outra fase do "caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte"; em outras palavras, é outro aspecto do evangelho de Satanás.
Aqueles que confiam em formas exteriores de piedade, como as boas obras, que se unem a alguma filosofia porque supõem que esse passo os tornará cristãos, seguidores dos ensinos do Cristo — estão no caminho que “ao cabo dá em morte” — morte espiritual e eterna. Não importa quão puros sejam os nossos motivos; quão bem intencionados os nosso propósitos; quão nobres, as nossas intenções; quão sinceros, os nossos esforços, Deus não nos reconhece como seus filhos enquanto não recebemos o seu Filho como Único Senhor e Salvador.
O Senhor Jesus disse: "Se.... não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis" (Lucas 13:3). Arrepender-se significa odiar o pecado, sentir tristeza por causa do pecado e converter-se dele. É o resultado da obra do Espírito Santo em tornar o coração contrito diante de Deus. Ninguém, excepto a pessoa de coração quebrantado, pode crer de maneira salvífica no Senhor Jesus Cristo.
O Filho de Deus não veio ao mundo para salvar o seu povo nos pecados deles, mas sim para os salvar "dos pecados deles" (Mateus 1:21). Ser salvo dos pecados significa ser salvo do ignorar e do rejeitar a autoridade de Deus; significa abandonar o curso de vida caracterizado pelo egocentrismo e pela satisfação pessoal; ou, em outras palavras, abandonar o nosso próprio caminho (Isaías 55.7).
Ser salvo significa sujeitar-se à autoridade de Deus, render-se ao domínio d'Ele, oferecer-mos-nos a nós mesmos para sermos governados por Ele. Aquele que nunca tomou sobre si o jugo de Cristo; todo aquele que não está verdadeira e diligentemente procurando agradar a Cristo em todos os aspectos da sua vida, e continua a supôr que tem méritos próprios para agradar a Deus fora de Cristo, esse está iludido por Satanás.
Em Mateus 7, há duas passagens que nos mostram os resultados aproximados entre o evangelho de Cristo e a falsificação de Satanás.
Primeira, nos versículos 13 e 14: "Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela".
Segunda, nos versículos 22 e 23: "Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade".
Sim, é possível trabalhar em nome de Cristo (até pregar em seu nome) e, embora o mundo nos conheça, não sermos conhecidos pelo Senhor!
Quão necessário é que descubramos em que situação realmente estamos; que nos examinemos a nós mesmos, a fim de sabermos se estamos na fé; que nos julguemos pela Palavra de Deus e verifiquemos se estamos sendo enganados pelo nosso subtil inimigo; que descubramos se estamos a edificar a nossa casa sobre a areia ou se ela está construída sobre a Rocha, que é Jesus Cristo!
Que o Espírito de Deus examine o nosso coração, quebrante a nossa vontade, destrua a nossa inimizade contra Deus, produza em nós um profundo e verdadeiro arrependimento e faça os nossos olhos fixarem-se no Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
Texto adaptado de: Outro Evangelho _ A. W. Pink 18 de Abril de 2003
http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/54/Outro_Evangelho